Como todo post meu, ele se inicia por conta de... uma música! Uma música puxa uma pesquisa, que puxa cena, que puxa um fato, que puxa uma reflexão, que puxa um texto, que vira um post. É, acho que pode-se dizer que não sou uma pessoa tão normal assim.
Bom, a bola da vez foi a música Dark Necessities, do Red Hot Chilli Peppers.
Só posso dizer que conheci essa música na rádio e já considero pacas.
Primeiro que eu sou uma ex-aprendiz de baixista que tem verdadeira paixão musical pelo Flea. O cara é um dos melhores baixistas do mundo e fim. Segundo que toda a melodia carrega a gente pra dentro da música. Mas o principal, e o que me levou a escrever aqui foi... a letra. Nem o clipe, por isso que eu não o coloquei aqui, só o áudio.
Dark Necessities, de acordo com as minhas fontes, fala sobre o nosso "dark side", se é que você entende a referência...Onde que eu parei mesmo? Ah, sim, a letra! Vamos continuar...
Não precisa de legenda! |
Achei em uma delas algo que me chamou atenção, mas não vou aprofundar: uma referência a Carl Gustav Jung. Aqui fica uma ideia para quem é da Psicologia e goste de falar sobre esses assuntos polêmicos (Isa, aqui é a sua deixa). Sem aprofundar, procurei o conceito de "Sombra" na visão de Jung, vou deixar um link aqui para dar um embasamento, e deixar duas palavrinhas sobre esse mérito: eu concordo.
Concordo com a minha fonte, no caso. Essa música tem um pouco dessa Sombra. Vejam a letra e reflitam:
Saindo em direção à luz do dia, nós temos
Muitas luas que estão em jogo, então eu
Fico de olho no sorriso da sombra
Para ver o que ela tem a dizer
Você e eu sabemos
Que tudo deve ir embora
Ah, o que me diz?
Um nó que está girando em torno do meu coração é como
Um pouco de luz e uma pitada de escuridão, você foi
Surpreendido por um ataque do zodíaco
Mas eu vejo o seu brilho
Aproveite a brisa e vá
Acompanhando cada sopro e vá embora
Oh, o que me diz?
Yeah
[Refrão]
Você não entende a minha mente
Você não conhece o meu tipo
Necessidades obscuras são parte do meu projeto
Diga ao mundo que eu estou
Caindo do céu
Necessidades obscuras são parte do meu projeto
Tropeçando pelo estacionamento, você não tem
Tempo para pensar duas vezes, eles estão como
Um sorvete para um astronauta
Bem, isso sou eu procurando por nós
Vire na esquina e
Encontre o mundo sob o seu comando
Jogando com as melhores cartas
Yeah
[Refrão]
Você quer esse meu amor?
A escuridão nos ajuda a brilhar
Você quer, você quer ele agora?
Você quer ele por todo o tempo?
Mas a escuridão nos ajuda a brilhar
Você quer ele, você quer ele agora?
Te pego como um livro em brochura com
Traços de um maníaco, então eu
Me mudo enquanto desfazemos as malas
É a mesma coisa de ontem
Em qualquer lugar que estamos
Tudo deve ir
Oh, o que me diz?
Yeah
[Refrão]
Seguindo a letra, conseguimos ver que seria, vamos colocar hipoteticamente, como um homem falando para uma mulher que ele possui um lado obscuro, o qual ela não conhece, e que esse lado traz luz para ele, afinal, "a escuridão nos ajuda a brilhar". De acordo com a Wikipedia e outras fontes:
"Kiedis said that he went to Hawaii and worked on the lyrics to the song which speak to the beauty of our dark sides and how much creativity, growth and light actually comes out of those difficult struggles that we have on the inside of our heads that no one else can see." (Tradução livre: Kiedis disse que ele foi ao Havaí e trabalhou na letra para a música, que fala sobre a beleza de nossos lados sombrios e quanto de criatividade, crescimento e luz de fato vem desses difíceis conflitos que temos dentro de nossas cabeças e que ninguém pode ver.)
Olhando uma discussão no Reddit, alguns usuários colocaram que essa música seria parte sobre o término de uma relação por conta disso. Outros falaram que essas "necessidades" podem ser as drogas, o que é um tema já muito presente no trabalho da banda. Terceiros, quartos, quintos especularam sobre várias coisas. Vou listar uns pontos interessantes. As necessidades podem:
- ser as drogas;
- remeter ao lado obscuro de um ser (essa é a versão oficial);
- ser referência à tal sombra do Jung;
- denotar a questão da traição, da necessidade de um relacionamento aberto ou até os gostos peculiares estilo Christian Grey (pausa para uma risada aqui, com todo respeito à autora).
Independente da especulação, drogas, fetiches, traição, tudo isso faz parte do que nós chamamos de vícios das pessoas. E a Cultura Pop parece ter gostado de representar esses vícios, porque começou e não conseguiu mais parar! Não me entendam mal, talvez não seja uma coisa ruim. Ou pode até ser...
Falando de Cultura Pop nas HQs, nós sempre tivemos personagens que lidam com essas diferenças. Batman, o Justiceiro, a própria Arlequina tem seus momentos. Mas nós tínhamos Superman, Capitão América, eles eram os ícones da bondade, e fim! Superman nunca mataria, mas já se foram as vezes que fizeram Superman matar, fosse qual fosse o motivo, independente de ser nas HQs, apesar de que justamente nos quadrinhos, num Universo alternativo, ele enlouquece e mata o Coringa; o próprio fato de enlouquecer já remete a algo que estava no interior dele, à sombra. Mas a questão é justamente a imagem do Superman matando, para os fãs convencionais, isso não deveria acontecer nem em outros universos (pausa para agradecer a minha amiga Vi, que pra variar me ajudou a confirmar isso ♥ ). Capitão América é um Vingador, até que fizeram ele ser um espião da HYDRA e inverteram a história. Se continuarmos nessa pegada, na verdade, a gente chega à própria S.H.I.E.L.D., que foi invadida pela HYDRA e, na verdade, não sabia que possuía agentes da organização inimiga entre os seus. Isso acontece tanto nos quadrinhos quanto no filme do Capitão América quanto na série, mas vou usar a série, porque fica melhor de ilustrar.
Em Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D., a equipe do Phil Coulson, na primeira temporada, é aquela coisinha bonitinha, unida, que todo mundo se ama. Mas o Phil vira um obcecado com o que aconteceu com ele e coloca o pessoal em risco. A May fraqueja por conta do passado dela. Fitz-Simmons amadurecem de forma dolorosa, sendo que a Simmons deixa de ser aquele poço de compreensão e acha que as ameaças devem ser eliminadas (menos quando é amigo, aí ele só tem que ser enjaulado e contido). Ward é um agente duplo. Skye, bom... quem não assistiu, assiste. O único homem de valor incontestável é o Agente Trip, e ele morre, porque os bonzinhos morrem cedo, como herois, e isso desestabiliza a equipe, formando um antigo clichê.
Atualmente, venho reparando que sempre que uma personagem é verdadeiramente o espírito do bem, da moral, do certo, de três, uma: ela não é inteiramente boa e isso vai se mostrar em algum momento; ela vira o pior dos vilões; ela tem que morrer em algum momento. Ou seja, mantenha-se conectado ao seu lado sombrio para sobreviver e continuar mocinho. Não tenho certeza do que essa mensagem pode causar nas gerações novas. Vou deixar essa reflexão para outra postagem.
O importante aqui é entender que a morte dessa personagem faz com que as pessoas dentro de um ambiente controlado comecem a sair do status quo, e é aí que os vícios aparecem. Como ninguém está preparado para lidar com o lado desconhecido do coleguinha, todos se desestabilizam. Isso é um reflexo da vida real, você vê famílias se destruírem diariamente por conta da falta de estrutura para lidar com o lado diferente de alguém. Quantas vezes escutamos "você não era assim", ou "você mudou", quando continuamos os mesmos? Será que existia algo em nosso íntimo que passamos a mostrar e desagradou aos outros? Por que tínhamos que manter isso escondido? E é assim que eu fecho o ciclo maravilhosamente, falando que, na minha opinião, a música Dark Necessities escancara isso para quem quiser ouvir!
O ser humano não está preparado para nada que seja diferente!
Nós sabemos disso. Adoramos o status quo. Amamos o que é verdade, o 8 ou 80. A magia da pureza. Cercamo-nos de fadas e bons duendes, e a bruxa que fique na floresta escura! Aí, uma nova geração de desenhistas, escritores, cineastas e etc. começam a invadir esse espaço com seus meios termos, seus anti herois, seus vilões carismáticos, jogando seus Malvados Favoritos na cara dos nossos filhos. A sociedade não gosta disso. E uma música coroa tudo isso com um refrão cheio de convicção:
Você não entende a minha mente
Você não conhece o meu tipo
Necessidades obscuras são parte do meu projeto
Diga ao mundo que eu estou
Caindo do céu
Necessidades obscuras são parte do meu projeto
Nós não conhecemos ninguém de verdade! Não queremos conhecer. Também não queremos nos mostrar. E fim.
E é com esse desfecho que eu desejo a todos...
Tenham uma boa semana! (:
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